Com a morte de Ariel Sharon, todas as velhas acusações de responsabilidade no massacre de Sabra e Shatilla voltaram ao noticiário -- apesar de a investigação militar realizada tê-lo considerado apenas "indiretamente responsável" pelo ocorrido e do governador de Beirute, Antoine Lahad, ter afirmado ao jornal Yedioth Aharonoth que Sharon nada sabia e que não teve participação alguma no ocorrido. Em sua opinião o único erro do então ministro da defesa foi ter permitido que a milícia libanesa Falange entrasse nos campos de refugiados.
Um fato importante é que, na maioria das vezes, a Falange sequer é mencionada quando o massacre é discutido. O que torna o caso ainda pior é que o grupo ("Keta'eb", como é chamado nos dias de hoje no Líbano) ainda é um partido político ativo no país. Então ficamos assim: o grupo que atuou ativamente no campo e que foi responsável pelas mortes nem mesmo é mencionado enquanto Sharon leva toda a culpa pelo ocorrido...
As Falanges Libanesas
O grupo controlado pela família Gemayel foi formado em 1936, como uma organização paramilitar de jovens cristãos maronitas.
Ao criar o partido, Pierre Gemayel se inspirou na Falange Espanhola e no Partido Nacional Fascista italiano. Outro movimento que serviu de inspiração foi o Nacional Socialismo alemão, que ele conheceu quando esteve em Berlim como atleta nas Olimpíadas de 1936. Na época nenhuma dessas ideologias tinha a reputação que tem hoje e, em entrevistas, Gemayel afirmou que o "Nazismo veio depois", e que nesses regimes ele via disciplina, e que "no Oriente Médio necessitamos de disciplina mais do que qualquer outra coisa".
Símbolo do Keta'eb/ Falange
O partido nutria um forte sentimento nacionalista -- baseado no cristianismo e em suas origens fenícias -- e se opunha tanto à presença de países ocidentais no Líbano quanto ao pan-arabismo [1] [2], o que aproximava seus membros de Israel -- mas não tanto quanto a Igreja Maronita desejava.
O Massacre de Damour
Em 20 de Janeiro de 1976, durante a guerra civil libanesa, uma cidade cristã ao sul da capital Beirute foi atacada pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que tinha se unido a grupos muçulmanos libaneses contra os cristãos. Parte da população do local morreu em batalha e centenas foram assassinados no massacre que se seguiu. O número de civis maronitas mortos ficou entre 150 e 582.
O massacre de Sabra e Chatila foi uma resposta ao massacre de Damour e a anos de violência anti-cristã por parte dos muçulmanos libaneses e de seus aliados árabes-palestinos.
No video abaixo o poeta Said Akl, um dos maiores ícones do nacionalismo libanês, dá o tom do sentimento pro-Israel e anti-palestino que imperava entre os cristãos libaneses. As tensões sectárias no país nunca arrefeceram, e uma nova guerra civil é apenas questão de tempo.
[Tradução]
Não há um segundo passo, há apenas um [passo] para o herói Beguin (então primeiro-ministro de Israel): limpar o Líbano dos palestinos. Isso é o que o Líbano quer.
Se isso não acontecesse eu me sentiria tremendamente infeliz, assim como o resto da população libanesa.
Assim que o exército israelense entrasse no Líbano, todo o Líbano deveria ter se levantado e lutado ao seu lado. Se eu tivesse um batalhão militar, eu iria agora mesmo lutar ao lado do exército israelense.
Hoje no meu jornal, eu agradeci ao exército israelense num editorial chamado "Israel está aqui". Eu escrevi: "estou feliz por dois motivos: porque o exército está salvando a nós e ao mundo e [porque] está mostrando a cabeça da serpente ao mundo -- que se chama terrorismo" -- e eu vou falar sobre isso depois.
Mas eu também estou triste porque não somos nós que estamos salvando o Líbano com os Israelenses, salvando dessa imundice palestina racista e sanguinária, que lidera o terrorismo no mundo.
Pergunta: E por que você não tomou parte na operação?
Eu acredito que existam alguns políticos corruptos no Líbano, e a maioría deles está no governo. Eles não permitíram que os libaneses tomassem partido.
O povo libanês travou uma boa guerra contra os palestinos, mas [Yasser] Arafat enganou e extorquiu os países produtores de petróleo e agora tem mais de 70 bilhoes de dólares. Nesses últimos dois dias ele comprou líderes na Europa e nos Estados Unidos para agir contra você, para dizer que este exército [de Israel] que está salvando o Líbano é um invasor -- mas qualquer um que diga isso deveria ser decapitado!
Em nome do Líbano, eu te digo que esse é o único exército da salvação.
Não há um segundo passo, há apenas um [passo] para o herói Beguin (então primeiro-ministro de Israel): limpar o Líbano dos palestinos. Isso é o que o Líbano quer.
Se isso não acontecesse eu me sentiria tremendamente infeliz, assim como o resto da população libanesa.
Assim que o exército israelense entrasse no Líbano, todo o Líbano deveria ter se levantado e lutado ao seu lado. Se eu tivesse um batalhão militar, eu iria agora mesmo lutar ao lado do exército israelense.
Hoje no meu jornal, eu agradeci ao exército israelense num editorial chamado "Israel está aqui". Eu escrevi: "estou feliz por dois motivos: porque o exército está salvando a nós e ao mundo e [porque] está mostrando a cabeça da serpente ao mundo -- que se chama terrorismo" -- e eu vou falar sobre isso depois.
Mas eu também estou triste porque não somos nós que estamos salvando o Líbano com os Israelenses, salvando dessa imundice palestina racista e sanguinária, que lidera o terrorismo no mundo.
Pergunta: E por que você não tomou parte na operação?
Eu acredito que existam alguns políticos corruptos no Líbano, e a maioría deles está no governo. Eles não permitíram que os libaneses tomassem partido.
O povo libanês travou uma boa guerra contra os palestinos, mas [Yasser] Arafat enganou e extorquiu os países produtores de petróleo e agora tem mais de 70 bilhoes de dólares. Nesses últimos dois dias ele comprou líderes na Europa e nos Estados Unidos para agir contra você, para dizer que este exército [de Israel] que está salvando o Líbano é um invasor -- mas qualquer um que diga isso deveria ser decapitado!
Em nome do Líbano, eu te digo que esse é o único exército da salvação.