A solução dos dois estados não deve ser encarada com uma ideologia ou um mantra, mas como uma fórmula que deve ser julgada de acordo com a sua aplicabilidade prática.
Itzhak Rabin e Yasser Arafat apertam as mãos durante o fracassado acordo de Oslo: para os tolos israelenses a paz, para os muçulmanos apenas mais um passo na destruição de Israel
Entrevista com Abbas Zaki (um dos líderes do 'moderado' Fatah e da Autoridade Palestina) em um canal por satélite sírio, 23 de dezembro de 2013:
Apresentador da TV síria: "Quando eles falam sobre [os EUA] impor uma solução, sabemos que vai ela ser deficiente."
Membro do Comitê Central do Fatah, Abbas Zaki: "Você pode relaxar. Encontramo-nos unidos pela primeira vez. Até mesmo os mais radicais entre nós -- o Hamas ou as forças de combate -- querem um Estado dentro das fronteiras de 1967. Depois nós teremos algo a dizer, porque a idéia inspiradora não pode ser alcançada de uma vez, [ao contrário, deve ser] em etapas."
Ao se referir ao "processo de paz" ou a panacéia pacifista da vez para o conflito entre o Estado de Israel e os grupos terroristas palestinos, nossa mídia mascarada tem evitado usar o termo Hudna, o lado palestino (árabe-muçulmano) da pantomima.
E o que vem a ser isso? Hudna é uma palavra árabe que serve para designar aquilo que qualquer general conhece e que todo adversário preparado recusa e aproveita para atacar. Mas como foi um termo utilizado pelo profeta Maomé, adquire uma espécie de aura respeitosa (ao menos para muçulmanos...) que aumenta o despistamento.
O termo é geralmente traduzido na imprensa ocidental como trégua de duração temporária pré-determinada -- nos jornais em inglês o seu equivalente é Truce -- para entabular negociações visando a paz. Mas esta tradução deixa de lado o significado religioso, histórico e mesmo o sentido atual dado ao termo pelos chefes das quadrilhas de guerrilheiros e terroristas islâmicos.
O Profeta Maomé, então exilado em Medina, era constantemente ameaçado pelos membros de sua tribo coraixita, que controlavam Meca (a cidade mais sagrada para os árabes) e não reconheciam sua liderança espiritual nem aceitavam seu monoteísmo. Após várias escaramuças, no ano de 628, Maomé ofereceu-lhes paz, prometendo a segurança de suas caravanas em troca da permissão de realizar os ritos de peregrinação anual à Caaba (1).
Os coraixitas responderam que um ano de paz deveria preceder o acordo. Maomé declarou então uma trégua -– que denominou hudna -- de 10 anos, conhecida como acordo de Hodaibiah. Para consolar seus guerreiros o profeta muçulmano atacou e saqueou os judeus de khaibar em sua colônia a nordeste de Medina: noventa e três foram chacinados e os demais, para sobreviver, entregaram suas propriedades e metade de suas futuras colheitas.
Durante os dois anos seguintes, Maomé aproveitou a Hudna para reforçar seu exército e, como mestre do despistamento que era, usou a desculpa de uma infração menor qualquer cometida pelos coraixitas para lançar um ataque devastador, com um já considerável exército de 10.000 homens, e retomou Meca.
Este é o verdadeiro significado da hudna: acenar falsamente com uma trégua que não serve para o fim expresso –- preparar a paz -– mas para o fim secreto de descansar, reforçar e ampliar suas forças quando a situação é desesperadora e a derrota está próxima.
Historicamente este tem sido sempre o sentido dado pelas forças árabes em luta: acumular forças para o próximo round. Não é mais do que uma trapaça, “veneno com cobertura de mel”, como disse Gideon Meir, um antigo vice-ministro do exterior de Israel.
O PAPEL DA HUDNA NO ATUAL CONFLITO
Numa entrevista na TV Palestina, Abd Al-Malek, membro árabe do parlamento de Israel (é, lá no “território ocupado pelos sionistas” tem disto!), ao responder a uma afirmativa de um expectador de que “nosso problema com Israel não é um problema de fronteira, mas de existência...”, disse: “É, nós exageramos quando falamos de ‘paz’ .... quando o que nós realmente queremos dizer é Hudna”. E é aqui que vem o “pulo do gato” que quem entende árabe já percebeu há muito: quando as autoridades palestinas falam em seu idioma para seu próprio povo, e não nas entrevistas em Inglês em fóruns internacionais, eles usam Hudna e deixam claro que não há nenhuma paz em vista, mas apenas um cessar-fogo temporário que, além da finalidade tradicional já exposta, tem outra: a de iludir a tal “comunidade internacional”.
Todos os acordos assinados por eles são pura farsa, e conseguem enganar direitinho aos trouxas que neles acreditam -- com direito até a Prêmio Nobel da Paz. Assim foi em 1994, quando Yasser Arafat explicou, em árabe, para os palestinos, que os acordos de Oslo eram uma Hudna no caminho para Jerusalém.
Aqui vemos Yasser arafat explicando o motivo de ter assinado os Acordos de Oslo: 'Hudaybiya'
Depois, em 2000, seguindo o próprio profeta, seu mestre de despistamento, e usando como pretexto a visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo (o lugar mais sagrado para o judaísmo, que os muçulmanos chamam de Esplanada das Mesquitas) criou a tal da "pequena infração inimiga" quebrando a Hudna e se lançando à nova guerra, conhecida como Segunda Intifada, ou Intifada de al-Aqsa.
O acordo de Hodaibiah é sempre mencionado como modelo para todo e qualquer ato de cessar-fogo assinado pelas autoridades, e compreendido como parte de um processo estratégico final: a libertação da "Palestina" e a expulsão dos judeus para o mar. Estes acordos são sempre assinados quando o balanço de força do momento está desfavorável às suas hostes.
ALGUNS EXEMPLOS DA “SINCERIDADE” PALESTINA – EM ÁRABE, EVIDENTEMENTE
Ministro do Abastecimento da Autoridade Palestina (AP), Abd El-Aziz Shahian:
“Oslo é apenas o primeiro passo na destruição de Israel, não um acordo permanente”.
Pregador Dr Ahmed Yousuf Abu Halbiah, da AP:
“A Nação Palestina é a vanguarda de Allah contra os Judeus, até a ressurreição dos mortos (...) até que o destino de Allah seja cumprido”.
Othman Abu Arbiah, assessor político e educacional de Arafat:
”O Estado Palestino com capital em al-Quds (Jerusalém, em Árabe) é apenas o primeiro estágio (...) na destruição dos colonizadores sionistas”.
Sheik Yousuf Abi Snina, pregador da mesquita al-Aqsa:
“A terra Palestina é terra Waqf que pertence aos fiéis do Islam desde o início dos tempos e ninguém tem o direito de (...) fazer concessões ou de abandona-la. (...) São traidores e criminosos que merecem o Inferno todos os que aceitam a existência de Israel, que inclui ceder Haifa, Lod, Nazareth e Ashkelon”. No mesmo sermão concede a Arafat um Selo de Aprovação Shariático (Lei Islâmica) para estabelecer uma hudna.
Salim Alwadia Abu Salem, supervisor para assuntos políticos da AP:
“Quando nós pegamos em armas em 1965 e teve início a moderna revolução Palestina, nós tínhamos um único objetivo, que não mudou e não mudará nunca: a libertação da Palestina (da ocupação sionista)”.
Os milhares de exemplos são todos repetição ad nauseam da mesma cantilena.
CONCLUSÕES
As mensagens de paz das lideranças israelenses e árabes aos seus respectivos povos são exatamente o oposto uma da outra (2).
Os líderes israelenses estão dizendo: o acordo permanente será doloroso, mas devemos aceita-lo porque ele marcará o fim do conflito.
Os líderes árabes-palestinos, por sua vez, dizem: o acordo permanente será doloroso, mas devemos aceita-lo porque não significa o fim do conflito, mas é apenas uma fase do mesmo.
Dá para acreditar em Paz?
(1) Para mais detalhes históricos, ver meus artigos
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