Interior da Igreja da Natividade, Belém
O número de cristãos em Belém, cidade considerada o local onde Jesus nasceu, está diminuindo vertiginosamente. Em 1947, cerca de 75% da população da cidade era cristã, em 2000 cerca de 40%, agora são apenas 15%.
E, de acordo com algumas previsões, os últimos cristãos deverão deixar a cidade antes de 2025.
E, de acordo com algumas previsões, os últimos cristãos deverão deixar a cidade antes de 2025.
"Creio que em alguns dos vilarejos o número de cristãos é zero", disse à BBC Simon Azazian, integrante da Sociedade Bíblica Palestina. "Em Birzavit, por exemplo, 100% eram cristãos, depois (a porcentagem) caiu para 60%, agora são 40% e esse número continua baixando."
Alguns cristãos dizem que esse êxodo se deve ao fundamentalismo islâmico:
"Eles introduzem em nossa cultura e na nossa sociedade uma visão da religião que não tem nada a ver com o nosso contexto e nem com a nossa história", disse à BBC o sacerdote luterano Mitri Raheb.
"Isto não é apenas uma ameaça para a comunidade cristã palestina, mas também para toda a sociedade palestina, já que tentam nos mandar de volta para a Idade Média", acrescentou.
Outros cristãos ressaltam que a decisão de ficar em Belém ou ir embora depende de vários fatores.
"Depende da situação política, que afeta a situação econômica", afirmou George Sa'ada, da Igreja Ortodoxa Grega.
"Antes, estimulávamos os jovens a ficar e trabalhar aqui, mas agora, lamentavelmente, não podemos obrigá-los a ficar porque querem ganhar a vida. Se não tem oportunidade aqui, claro que vão emigrar e procurar uma vida melhor fora", explicou.
Alguns temem que, dentro de 15 anos, os únicos cristãos de Belém serão os milhares de peregrinos que chegam durante o período de Natal.
Um grande número de cristãos árabes participa do movimento nacionalista palestino; por isso, quando têm que explicar a redução da população cristã na Cisjordânia e em Gaza, preferem apontar para as difilcudades criadas por Israel (único país no Oriente Médio onde a população cristã cresceu) no contexto dessa já secular disputa política. Há uma razão para que evitem denunciar a verdadeira causa do êxodo. É a mesma razão que impede o Vaticano de falar publicamente sobre o assunto. E a mesma que faz com que organizações cristãs, no Reino Unido, por exemplo, também se calem. A razão é que, no contexto da situação dos direitos humanos que prevalece em todo o Oriente Médio muçulmano, protestar contra o mau tratamento da minoria cristã, pensando com isso defendê-la, é o meio mais certeiro de assegurar a piora do tratamento que ela recebe.
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