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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Phillip Hitti: novas e mais duras leis anti-judaicas e anti-cristãs durante o reino dos abássidas

território conquistado pelo califado abássida (750 - 1258)



Com a queda dos omíadas (umayyad), a hegemonia Síria no mundo islamico se acabou, assim como os tempos de glória do país.
Os abássidas fizeram do Iraque o seu centro e de Kufah sua capital. A Síria se tornou apenas mais uma das províncias do califado abássida e, no século IX, novas leis anti-judaicas e anti-cristãs foram criadas.


Em 850 e 854, ele [al-Mutawakkil] reviveu a legislação discriminatória contra os membros das seitas toleradas [judeus e cristãos], complementando-a com novidades que faziam dela a mais rigorosa já emitida contra as minorias.  Cristãos e judeus foram ordenados a fixar imagens de demônios de madeira em suas casas, a nivelar seus túmulos com o solo, a usar roupas amarelas e andar somente em mulas e jumentos com selas de madeira marcados por duas bolas parecidas com uma romã na patilha (parte posterior) da cela.
 ...após os decretos de al-Mutawakkil muitas famílias cristãs da Síria emigraram ou aceitaram o Islã. Os convertidos foram motivados, principalmente, pelo desejo de escapar das dificuldades humilhantes e tributos e para adquirir prestígio social e influência política. 
páginas 154 - 155

De acordo com Phillip Hitti, foi durante o califado abássida que todo o "mundo semita" foi arabizado.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Philip Hitti e o tratamento dispensado a cristãos sob domínio muçulmano


Philip Khuri Hitti (1886 - 1978), um cristão maronita nascido no Líbano,  foi um estudioso do Islã e  o responsável pela introdução do campo de estudos da cultura árabe nos Estados Unidos. Apesar de sua óbvia simpatia para com o pan-arabismo (algo não muito comum entre libaneses maronitas) e de seu anti-sionismo, ele oferece informações valiosas sobre a invasão árabe do Levante e a relação entre os conquistadores muçulmanos e outros grupos religiosos sob seu controle. 


Do seu livro A História da Síria (1956):
**Palestina e Jordânia eram províncias da Síria  [1]   [2]



A terceira classe consistia de membros de seitas toleradas que professavam religiões reveladas - cristãos, judeus e sabeus (sabianos)...  Na Arábia, no entanto, nenhum não-muçulmano era tolerado, exceto uma pequena comunidade judaica no Iêmen.

Este reconhecimento de seitas toleradas era condicionado ao desarmamento de seus devotos e a exigência de um pagamento de tributo (Jizya) por parte deles em troca de proteção muçulmana

Na Síria, os cristãos e os judeus eram geralmente bem tratados até o reinado de Umar II, o primeiro califa a impor restrições humilhantes sobre eles. Ele emitiu normas excluindo os cristãos de cargos públicos, proibindo que usassem turbantes e obrigando-os a cortar suas franjas, a vestir roupas diferentes e com cintas de couro, a montar [em animais] sem sela, a não construir locais de culto e a orar em voz voz baixa.

A pena para o assassinato de um cristão [pelas mãos] de um muçulmano, ele decretou, era apenas uma multa, e o testemunho de um cristão contra um muçulmano não era aceitável em um tribunal. Pode-se supor que esta legislação foi promulgada em resposta a demanda popular.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ibn Khaldun II: A Palestina é a Síria e os judeus são os israelitas

A placa da esquerda diz: "Nós resistimos a imigração judaica", já a placa à direita diz: "A Palestina é parte da Síria" 


Ainda em seu Muqqadimah, Ibn Khaldun escreve:

Os israelitas são um bom exemplo. Moisés os exortou a ir para que se tornassem governantes da Síria. Ele lhes informou que Deus tinha feito este o seu destino. Mas os israelitas eram muito fracos para isso. Eles disseram: há gigantes naquele país, e não iremos até que os gigantes se vão.
Isto é, até que Deus os tire de lá manifestando Seu poder, sem a aplicação de nosso 'sentimento de grupo', e este será um de teus milagres, ó Moisés. E quando Moisés os exortou, eles persistiram e com rebeldia disseram: "Vá você mesmo e seu Senhor e lutem.
Além disso, eles realmente não acreditaram no que Moisés lhes disse, ou seja, que a Síria seria deles e que os amalequitas que estavam em Jericó seriam derrotados por eles, em virtude do decreto divino que Deus tinha feita em favor dos israelitas.
Capítulo II, 18 - Meekness and docility to outsiders that may come to be found in a tribe are obstacles on the way toward royal authority.




Os israelitas são os que mais se apegam a esta ilusão. Eles originalmente tiveram uma das maiores 'casas' do mundo, em primeiro lugar, por causa do grande número de profetas e mensageiros nascidos entre os seus antepassados, que se estendem desde Abraão até Moisés, o fundador do seu grupo e lei religiosa, e também por causa de seu sentimento de grupo e por causa da autoridade real que Deus lhes havia prometido e concedido através deste sentimento de grupo. Em seguida, foram despojados de tudo isso e sofreram humilhação e indigência. Eles estavam destinados a viver como exilados na terra. Por milhares de anos, eles só conheceram escravidão e incredulidade. Ainda assim, a ilusão [de nobreza] não os deixou. Eles ainda podem ser encontrados dizendo: "Ele é um Cohen (descendente de Arão)", "Ele é um descendente de Josué "," Ele é um dos descendentes de Calebe "," Ele é da tribo de Judá." Isto, apesar do fato de que a sua 'sensação de grupo' desapareceu e que, por muitos e longos anos, foram expostos a humilhação. 
Capítulo II, 12 - Only those who share in the group feeling (of a group) can have a "house" and nobility in the basic sense and in reality, while others have it only in a metaphorical and figurative sense.


As duas afirmações de Ibn Khaldun vão de encontro ao que diz a Autoridade Nacional Palestina e todos os países árabes...

domingo, 24 de novembro de 2013

Muqaddimah: Ibn Khaldun e Israel como a terra dos judeus

    Estátua de Ibn Khaldun em Túnis, na Tunísia



Abū Zayd 'Abdu r-Raḥmān bin Muḥammad bin Khaldūn Al-Ḥaḍrami (1332 - 1406) foi um historiador árabe-muçulmano e é considerado um dos pais da historiografia.

Ele é mais conhecido graças ao livro al-Muqaddimah (Prolegomena em grego), que serve como introdução ao primeiro livro de seu Kitab al-'Ibar ("a História do Mundo").
Nesse livro, além de simplesmente mencionar e descrever acontecimentos, ele tenta oferecer explicaçoes racionais -- os "comos" e os "por quês" envolvidos nos acontecimentos históricos por ele descritos. Ele também costumava fazer uso de fatos históricos para tentar provar suas idéias. E é aqui que este estudioso muçulmano, que morreu há quase 600 anos, tem algumas coisas importantes a dizer sobre os judeus e Israel.


Por exemplo, ao criticar o historiador e geógrafo shiíta al-Mas'udi na introdução de seu livro -- uma crítica onde o próprio Ibn Khaldun escorrega na matemática -- ele comenta:

... o território dos persas era muito maior do que o dos israelitas. Este fato é atestado pela vitória de Nabucodonosor sobre eles. Ele engoliu o seu país e ganhou controle completo sobre ele. Nabucodonosor também destruiu Jerusalém, sua capital política e religiosa.
E ele continua:
Agora, é sabido que o território [dos israelitas] não correspondia a uma área maior do que as províncias da Jordânia e da Palestina na Síria e do que a região de Medina e Khaybar em Hijaz.
No primeiro trecho ele confirma um fato histórico inegável: Israel era o território dos judeus e Jerusalém sua capital política e religiosa.
Já no segundo, ele afirma o mesmo que todos os árabes -- ao menos até a criação de Israel: Jordânia e Palestina eram apenas províncias da Síria, e não países com uma população com pretensões nacionalistas ou em busca de soberania e auto-determinação -- com exceção dos judeus.


No capítulo 3 ("On dynasties, royal authority, the caliphate, government ranks, and
all that goes with these things")
(31. Remarks on the words "Pope" and "Patriarch" in the Christian religion and on the word "Kohen" used by the Jews):

É por isso que os israelitas, depois [dos tempos] de Moisés e Josué, permaneceram desinteressados quanto a uma autoridade real por cerca de 400 anos. Sua única preocupação era estabelecer sua religião.
... Os israelitas desapossaram os cananeus da terra que Deus havia lhes dado como seu patrimônio em Jerusalém e nos arredores da região, como havia sido explicado a eles por meio de Moisés.
... As nações dos filisteus, cananeus, armênios[!], edomitas, amonitas e moabitas lutaram contra eles. Durante esse [tempo], a liderança política era confiada aos anciãos que estavam entre eles. Os israelitas permaneceram nessa condição por cerca de 400 anos.

Ele [Saul] derrotou as nações estrangeiras e matou Golias, o governante dos filisteus. Depois de Saul, Davi tornou-se rei, e, em seguida, Salomão. Seu reino floresceu e se estendeu para as fronteiras de Hijaz e para além das fronteiras do Iêmen e da terra dos romanos (bizantinos). Depois de Salomão, as tribos se dividiram em duas dinastias... Uma das dinastias era a das dez tribos na região de Nablus, a capital da Samaria** e a outra era a dos filhos de Judá e Benjamin em Jerusalém. Então, Nabucodonosor, rei da Babilônia, os privou de sua autoridade real. Ele primeiro [lidou com] as dez tribos em Samaria, e, em seguida, com os filhos de Judá em Jerusalém. Sua [dos israelitas] autoridade real teve uma duração ininterrupta de mil anos.
** depois da ocupação jordaniana (1948-1967) a Samaria biblica foi renomeada como Cisjordânia pelos árabes.



De acordo com Ibn Khaldun, a soberania judaica na Terra de Israel se estendeu por 1400 anos. Em nenhum momento, neste  ou em outros livros, o historiador árabe menciona um povo palestino ou nação palestina. Já Muqaddasi, outro historiador árabe (nascido na Palestina no século X) afirmava que os judeus eram mais numerosos em Jerusalém e que não havia congregação muçulmana na cidade.

Ibn Khaldun, obviamente, se baseia na narrativa corânica. Por esse motivo há várias afirmações que vão de encontro a narrativa bíblica -- como no caso de Golias como governante dos filisteus e não apenas como um guerreiro. Ele tende a usar a Bíblia como fonte apenas quando o Corão não relata casos similares -- caso da unção de Saul como rei. O Corão simplesmente diz que ele foi ungido por um profeta, então ele se baseia na Bíblia para afirmar que o rei de Israel foi ungido pelo profeta Samuel.

Livro completo (em inglês)

Muqaddasi, o historiador árabe que refuta as alegações palestinas

Muhammad ibn Ahmad Shams al-Din al-Muqaddasi (945 — 991) foi um historiador e geógrafo árabe nascido em Jerusalém.
Seu livro mais conhecido é Ahsan at-Taqasim fi Ma'arifat al-Aqalim, "Melhor classificação para o conhecimento dos climas (ou regiões)", escrito no ano de 985O livro é resultado das anotações que o autor fez ao longo de suas viagens pelo Oriente Médio
Além de trazer observações sobre povos, costumes, comércio e arquitetura dos lugares visitados, foi o primeiro livro de geografia árabe a incluir mapas coloridos.





Sobre Jerusalém:
Homens instruídos são poucos e os cristãos numerosos; eles não têm boas maneiras. Em locais públicos e nas hospedarias os impostos são pesados ​​em tudo o que é vendido; há guardas em cada portão e ninguém está autorizado a vender as necessidades da vida, exceto nos locais designados. Nesta cidade os oprimidos não têm socorro; os submissos são molestados e os ricos invejados. Jurisconsultos permanecem vazios e os homens eruditos não têm renome; também as escolas estão sem vigilância, pois não há palestras. Em todos os lugares cristãos e judeus têm a supremacia [são mais numerosos], e a mesquita não tem qualquer congregação ou assembléia de homens eruditos.
(página 274)

No livro, sempre que o autor se refere a cidade de Jerusalém ele a chama de Baytu-l-Maqdis -- Bayt al-Maqdis (Casa do Sagrado) --, uma versão arabizada de Beyt haMiqdash, o nome hebraico do Templo de Salomão.
Apesar de os muçulmanos atuais negarem até mesmo existência do Templo -- em sua tentativa de reescrever a história e negar a presença judaica na região --, os do passado assumiam que, além de Jerusalém ser uma cidade judaica, sua santidade se devia, justamente, a esta presença.
Nos dias de hoje os muçulmanos chamam a cidade de al-Quds (o sagrado), uma versão reduzida do antigo nome.