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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"A Jordânia é a Palestina"

Há pouco tempo, dois políticos ocidentais sofreram duras críticas por causa de declarações sobre o conflito árabe-israelense. O candidato presidencial americano Newt Gingrich e o político holandês Geert Wilders, líder do terceiro maior partido na Holanda, afirmaram o mesmo que os árabes dizem em seu próprio idioma: A Jordânia é a Palestina e a Palestina é a Jordânia.

Selo postal emitido pelo governo jordaniano (1964), que mostra a Palestina do mandato britânico (que incluía Israel, a Jordânia e os territórios em disputa) como se fosse apenas a Jordânia, junto com uma imagem do falecido rei Hussein


Por décadas, os jordanianos foram ávidos proponentes da posição “A Jordânia é a Palestina”. Eles usaram essa posição como justificativa para a anexação da Cisjordânia (Judéia e Samaria), argumentando que a Palestina era uma única e indivisível unidade e que a Jordânia era sua legítima governante.


"Nós somos o governo da Palestina, o exército da Palestina e os refugiados da Palestina"
– Primeiro Ministro da Jordânia, Hazza’ al-Majali, 23 de agosto de 1959

"A Palestina e a Transjordânia são uma só"
– Rei Abdullah, em reunião da Liga Árabe no Cairo, em 12 de abril de 1948

"A Palestina é a Jordânia e a Jordânia é a Palestina; há um só povo e uma só terra, com uma história única e um destino único"
– Príncipe Hassan, irmão do Rei Hussein, dirigindo-se à assembléia Nacional Jordaniana em 02 de fevereiro de 1970

"A Jordânia não é apenas mais um estado árabe no que diz respeito à Palestina, mas em vez disso, a Jordânia é a Palestina e a Palestina é a Jordânia em termos de território, identidade nacional, sofrimentos, esperanças e aspirações"
– Ministro da Agricultura jordaniano, em 24 de setembro de 1980

"A verdade é que a Jordânia é a Palestina e a Palestina é a Jordânia"
– Rei Hussein, em 1981

De fato, até 1970, a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), comandada por Yasser Arafat, conduziu operações terroristas contra a Jordânia, com a justificativa de que aquele era território palestino e que a minoria hashemita estava governando a maioria palestina. Foi somente depois que a Jordânia matou milhares de palestinos no ‘Setembro Negro’ (e quem no Ocidente jamais se importou com isso?) que Israel subitamente tornou-se o ‘único lar histórico dos palestinos’, enquanto a Jordânia era apagada do quadro — e a invenção do ‘palestinismo’ transformou-se em verdade incontestável.

Porém, na qualidade de político “palestino”, Zouhair Moussein declarou ao jornal holandês Trouw em 1977:


 O povo palestino não existe. A criação de um estado palestino é apenas um meio para continuar nossa luta contra o Estado de Israel e em favor da unidade árabe. Na realidade, hoje não há diferença entre jordanianos, palestinos, sírios e libaneses. Hoje nós falamos sobre a existência de um povo palestino apenas por razões políticas e táticas, uma vez que os interesses nacionais árabes exigem que apresentemos a existência de um “povo palestino” distinto em oposição ao sionismo.
 Por razões táticas, a Jordânia, que é um estado soberano com fronteiras definidas não pode fazer reivindicações sobre Haifa e Jaffa, enquanto eu, como um palestino, posso, sem dúvida nenhuma, exigir Haifa, Jaffa, Be'er-Sheva e Jerusalém. Contudo, no momento em que recuperarmos nosso direito sobre toda a Palestina, não esperaremos nem um minuto para unir a Palestina à Jordânia.
Quando a OLP  foi criada, em 1964, a Cisjordania (Judéia e Samaria) e Jerusalém oriental estavam sob controle jordaniano e a Faixa de Gaza estava sob controle egípcio. Na mesma época a organização emitiu uma carta com seus objetivos e crenças (Palestine National Charter of 1964). Todos os territórios que os árabes hoje chamam de "territórios palestinos ocupados" estavam sob controle da Jordânia e do Egito e, mesmo assim, nenhum país exigia a sua entrega. Nem mesmo a própria OLP:

 Esta organização não exerce qualquer soberania territorial sobre a Cisjordânia no Reino Hachemita da Jordânia, da Faixa de Gaza ou na Área de himmah. Suas atividades serão no nível popular nacional, nos campos organizacionais, políticos, financeiros e de libertação
-- Artigo 24 do Palestine National Charter


De acordo com as palavras da OLP, a organização não só não exercia "qualquer soberania" sobre os territórios que hoje exige de Israel, como também não fazia qualquer menção a um desejo de exercê-la. Ela simplesmente declara que a Cisjordânia é território jordaniano e que as "suas atividades serão no nível popular nacional, nos campos organizacionais, políticos, financeiros e de libertação."

Se os árabes-palestinos não desejavam tomar o controle de Jerusalém oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza, o que queriam libertar então? O artigo 17 do mesmo documento responde esta questão:

 A partilha da Palestina, ocorrida em 1947, e o estabelecimento de Israel são ilegais, nulos e sem efeito
-- Artigo 17 do Palestine National Charter



Na mentalidade árabe a criação de um segundo estado árabe-palestino sempre foi apenas "um meio para continuar nossa luta contra o Estado de Israel". E desde 1964 até os dias de hoje nada mudou. 
Em julho de 2013 o "presidente" da Autoridade Nacional Palestina declarou a um jornal árabe que palestinos e jordanianos são a mesma coisa, mas afirmou que a Jordânia não será o estado "palestino":


عباس اكد ان الكونفدرالية او الفدرالية غير مطروحة مع الاردن فنحن شعب واحد في دولتين وقد تجاوزنا كل ما يتعلق بالوطن البديل الى غير رجعة ولا توجد هجرات فلسطينية للاردن مطلقاً، فصمود شعبنا ندعمه بكل الاشكال


Já este vídeo de Abbas Zaki, membro do comitê central do "moderado" Fatah de Mahmoud Abbas, em uma entrevista na al-Jazira em 2011 é ainda mais claro:



...Quando dizemos que a solução deve ser baseada nessas fronteiras [de 1967], o presidente [Abbas] entende, nós entendemos e todos sabem que o "objetivo maior" não pode ser alcançado de uma vez só. Se Israel se retirar de Jerusalém, retirar 650.000 colonos e desmantelar o muro... o que será de Israel? O país acabará.

Quem está nervoso e irritado agora? Netanyahu, Lieberman, Obama... todos esses vermes.
... Nós deveríamos nos alegrar em ver Israel perturbado.
Se alguém disser que quer "varrer" Israel... é muito difícil. Não é [uma política] aceitável dizer isso. Não diga essas coisas ao mundo, guarde consigo. 
Eu quero as resoluções que todos concordam. Eu digo para o mundo, para o quarteto e para os EUA: vocês prometeram e se transformaram em mentirosos.





É a recusa do Ocidente em reconhecer esse fato, e em seu lugar deturpar totalmente a história da região e as causas do conflito no Oriente Médio, uma das principais razões pelas quais esse impasse cruel continua até hoje.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Setembro Negro, o maior massacre de 'palestinos' na história

Exército jordaniano em um dos campos palestinos durante o Setembro Negro 


No dia 25 de setembro de 1970, tropas jordanianas a mando do Rei Hussein encerraram 10 dias de operação contra os terroristas da Organização para Libertação da Palestina, que haviam feito da Jordânia sua base de operações.

Enquanto as ações dos palestinos tinham como alvo Israel, os terroristas foram tolerados e apoiados por Hussein. No momento em que desafiaram a soberania do monarca, foram atacados impiedosamente com artilharia pesada dentro dos campos de refugiados onde atuavam. Até 1970, a OLP conduziu operações terroristas contra a Jordânia, com a justificativa de que aquele era território palestino e que a minoria hashemita (tribo originária da Arábia Saudita, da qual a monarquia jordaniana faz parte) estava governando a maioria palestina.

Ao final dos combates, Yasser Arafat, o líder da OLP, afirmou que 20 mil palestinos haviam sido mortos, em sua grande maioria civis, incluindo mulheres e crianças. Estimativas mais conservadoras afirmam que este número variou entre 4 mil e 5 mil vítimas.
Seja como for, este foi o pior massacre da história dos árabes-palestinos, e acabou conhecido como "Setembro Negro". Perpetrado por seus próprios irmãos árabes, talvez por isto seja um assunto praticamente ignorado pela imprensa e pela narrativa palestina atual...

Yasser Arafat beija o rei Hussein, o mandante do massacre (após o ocorrido)



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Folha de São Paulo e a Palestina: Desonestidade em imagens

O mapa abaixo é bastante popular entre aqueles que acusam o “colonialismo” e o “expansionismo” israelense. [Folha de São Paulo: Veja evolução do mapa israelo-palestino desde resolução de 1947]

Ele mostra:
áreas habitadas por judeus como "território judaico";
áreas habitadas por árabes como "território palestino";
e áreas inabitadas também como "território palestino".




Acontece que "Palestina" era um termo genérico usado para dar nome aquela região, não importando se sob controle árabe-muçulmano, cristão ou judeu. Logo, chamar de "território palestino" só o que não estava sob controle judaico dá a entender – de forma enganosa – que tudo aquilo em verde era território árabe. Na verdade, a maior parte desse território era desértica e inabitada. Outro fato importante é que, naquela época, só os judeus se consideravam 'palestinos'. Os muçulmanos da Palestina se consideravam sírios [2] e acusavam os judeus de inventar uma tal “Palestina” que jamais existiu.

A Palestina histórica, que de acordo com o historiador Bernard Lewis nunca foi um país e que sequer tinha fronteiras, também incluía a Jordânia:


Esses mapas mostram que o Estado Judeu deveria ocupar não só todo o território de Israel (incluídos aí os "territórios ocupados") como também toda a Jordânia. Para apaziguar os árabes, os ingleses dividiram o futuro estado de Israel em 3 – 1 judaico e 2 árabes. Israel, Jordânia e "Palestina".

Em 1922, os ingleses criaram a Transjordânia, usando 80% do que fora território histórico da Palestina e o Lar Nacional Judaico (assim definido pela Liga das Nações). O assentamento judaico na Transjordânia foi proibido. As Nações Unidas dividiram os 20% restantes da Palestina em dois países. Com a anexação da Cisjordânia pela Jordânia, em 1950, e o controle de Gaza pelo Egito, os árabes passaram a controlar mais de 80% do território do Mandato, enquanto o Estado judeu manteve apenas 17,5%



A diminuição do território “palestino”
As fronteiras de Israel foram determinadas pelas Nações Unidas quando esta adotou a resolução sobre a partilha em 1947. Numa série de guerras defensivas, Israel conquistou mais território e, em numerosas ocasiões, retirou-se dessas áreas. Como parte do acordo de 1974 para o encerramento das hostilidades, Israel devolveu à Síria territórios ocupados nas guerras de 1967 e 1973.
Conforme os termos do tratado de paz israelense-egípcio de 1979, Israel se retirou da península do Sinai pela terceira vez – já havia se retirado de grandes áreas do deserto que ocupara em sua Guerra de Independência. Após conquistar todo o Sinai no conflito de Suez em 1956, Israel devolveu a península ao Egito um ano depois.

Atualmente, aproximadamente 
93% dos territórios conquistados em guerras defensivas foram entregues por Israel a seus vizinhos árabes, como resultado de negociações, o que demonstra o seu desejo de negociar a paz.

Em 1967, quando terminou a Guerra dos Seis Dias, o vitorioso Estado de Israel havia capturado mais de três vezes a dimensão do seu território anterior. Dos seus 20.720 km2 iniciais Israel tinha agora 67.340 km2. E o que fez o Estado Judeu? Embora pelo Direito Internacional e a partir de uma guerra defensiva, Israel pudesse anexar vastas áreas ao seu território, o país limitou-se quase que unicamente a unificar 
Jerusalém, que pela partilha original da ONU não ficaria sob controle de nenhuma das partes. Ou seja, não há “ocupação” em Jerusalém - cidade que tinha uma maioria judaica considerável mais de 50 anos antes da primeira convenção sionista. (ver Karl Marx escreveu sobre a maioria judaica em Jerusalém antes do sionismo)

Como comparação, na ‘Guerra do Paraguai’, Brasil e Argentina dividiram entre si 40% do território paraguaio. E não houve devolução de territórios...


Ocupação?
Em política, as palavras são importantes e, infelizmente, o seu mau uso quando aplicadas ao conflito árabe-israelense tem criado percepções que colocam Israel em desvantagem. Como no caso do termo "Cisjordânia", a palavra "ocupação" tem sido seqüestrada por aqueles que desejam pintar Israel da maneira mais negativa possível. Essa palavra também dá aos seus defensores um meio de tentar explicar o terrorismo como "resistência à ocupação", como se mulheres e crianças assassinadas por terroristas suicidas em ônibus, pizzarias e centros comerciais fossem responsáveis pela situação dos árabes. Dadas as conotações negativas de um "ocupante", não é de se surpreender que porta-vozes árabes usem essa palavra, ou algumas variantes, tantas vezes quantas forem possíveis quando são entrevistados.

A descrição mais precisa dos territórios em Judéia e Samaria é de territórios "em disputa". De fato, a maior parte dos territórios em disputa ao redor do mundo não é considerada como ocupada pela parte que os controla. Isso se aplica, por exemplo, a duramente contestada região da Cachemira.

FROM "OCCUPIED TERRITORIES" TO "DISPUTED TERRITORIES
DISPUTED TERRITORIES: Forgotten Facts About the West Bank and Gaza Strip




O resultado de mentiras e meias-verdades como as dos mapas do topo é uma inversão moral fabulosa: os israelenses, atacados pelos árabes em todas as guerras e dispostos a devolver tudo o que conquistaram legalmente, se tornam “colonialistas” porque, afinal, os “palestinos” têm que aparecer na imprensa sempre como vítimas da “ocupação” israelense.

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