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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sabra e Chatila e o Massacre de Damour

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Com a morte de Ariel Sharon, todas as velhas acusações de responsabilidade no massacre de Sabra e Shatilla voltaram ao noticiário -- apesar de a investigação militar realizada tê-lo considerado apenas "indiretamente responsável" pelo ocorrido e do governador de Beirute, Antoine Lahad, ter afirmado ao jornal Yedioth Aharonoth que Sharon nada sabia e que não teve participação alguma no ocorrido. Em sua opinião o único erro do então ministro da defesa foi ter permitido que a milícia libanesa Falange entrasse nos campos de refugiados.

Um fato importante é que, na maioria das vezes, a Falange sequer é mencionada quando o massacre é discutido. O que torna o caso ainda pior é que o grupo ("Keta'eb", como é chamado nos dias de hoje no Líbano) ainda é um partido político ativo no país. Então ficamos assim: o grupo que atuou ativamente no campo e que foi responsável pelas mortes nem mesmo é mencionado enquanto Sharon leva toda a culpa pelo ocorrido... 



As Falanges Libanesas

O grupo controlado pela família Gemayel foi formado em 1936, como uma organização paramilitar de jovens cristãos maronitas.
Ao criar o partido, Pierre Gemayel se inspirou na Falange Espanhola e no Partido Nacional Fascista italiano. Outro movimento que serviu de inspiração foi o Nacional Socialismo alemão, que ele conheceu quando esteve em Berlim como atleta nas Olimpíadas de 1936. Na época nenhuma dessas ideologias tinha a reputação que tem hoje e, em entrevistas, Gemayel afirmou que o "Nazismo veio depois", e que nesses regimes ele via disciplina, e que "no Oriente Médio necessitamos de disciplina mais do que qualquer outra coisa".                         


File:Logo of Kataeb Party.svg
                                                         Símbolo do Keta'eb/ Falange


O partido nutria um forte sentimento nacionalista -- baseado no cristianismo e em suas origens fenícias -- e se opunha tanto à presença de países ocidentais no Líbano quanto ao pan-arabismo [1] [2], o que aproximava seus membros de Israel -- mas não tanto quanto a Igreja Maronita desejava.



O Massacre de Damour 

Em 20 de Janeiro de 1976, durante a guerra civil libanesa, uma cidade cristã ao sul da capital Beirute foi atacada pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que tinha se unido a grupos muçulmanos libaneses contra os cristãos. Parte da população do local morreu em batalha e centenas foram assassinados no massacre que se seguiu. O número de civis maronitas mortos ficou entre 150 e 582.

O massacre de Sabra e Chatila foi uma resposta ao massacre de Damour e a anos de violência anti-cristã por parte dos muçulmanos libaneses e de seus aliados árabes-palestinos.


No video abaixo o poeta Said Akl, um dos maiores ícones do nacionalismo libanês, dá o tom do sentimento pro-Israel e anti-palestino que imperava entre os cristãos libaneses. As tensões sectárias no país nunca arrefeceram, e uma nova guerra civil é apenas questão de tempo.


[Tradução]

Não há um segundo passo, há apenas um [passo] para o herói Beguin (então primeiro-ministro de Israel): limpar o Líbano dos palestinos. Isso é o que o Líbano quer.
Se isso não acontecesse eu me sentiria tremendamente infeliz, assim como o resto da população libanesa.

Assim que o exército israelense entrasse no Líbano, todo o Líbano deveria ter se levantado e lutado ao seu lado. Se eu tivesse um batalhão militar, eu iria agora mesmo lutar ao lado do exército israelense.
Hoje no meu jornal, eu agradeci ao exército israelense num editorial chamado "Israel está aqui". Eu escrevi: "estou feliz por dois motivos: porque o exército está salvando a nós e ao mundo e [porque] está mostrando a cabeça da serpente ao mundo -- que se chama terrorismo" -- e eu vou falar sobre isso depois. 
Mas eu também estou triste porque não somos nós que estamos salvando o Líbano com os Israelenses, salvando dessa imundice palestina racista e sanguinária, que lidera o terrorismo no mundo.

Pergunta: E por que você não tomou parte na operação?

Eu acredito que existam alguns políticos corruptos no Líbano, e a maioría deles está no governo. Eles não permitíram que os libaneses tomassem partido.
O povo libanês travou uma boa guerra contra os palestinos, mas [Yasser] Arafat enganou e extorquiu os países produtores de petróleo e agora tem mais de 70 bilhoes de dólares. Nesses últimos dois dias ele comprou líderes na Europa e nos Estados Unidos para agir contra você, para dizer que este exército [de Israel] que está salvando o Líbano é um invasor -- mas qualquer um que diga isso deveria ser decapitado!
Em nome do Líbano, eu te digo que esse é o único exército da salvação. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Sharon, a paz, a segunda intifada e a "esplanada das mesquitas"


Ariel Sharon em visita ao Monte do Templo no ano 2000


Em outubro de 2000 tudo indicava que finalmente os líderes de Israel e dos árabes-palestinos chegariam a um acordo de convivência que levaria à coexistência pacífica entre o Estado judeu e um segundo Estado palestino a ser proclamado em Gaza e na Cisjordania. As delegações chefiadas pelo primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, e o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, reunidas em Camp David com a delegação americana, chefiada pelo então presidente Bill Clinton, tinham sobre a mesa a ousada proposta de Barak, concedendo aos palestinos quase todas as suas reivindicações: 95% dos territórios "ocupados" (e negociações para acertos de fronteira e troca de territórios de acordo com a situação demográfica e as questões de segurança), um regime especial para Jerusalém, que permitisse, sem dividir a cidade, que os palestinos lá tivessem sua capital, desocupação da maior parte das colônias judaicas, acordos de cooperação econômica que viabilizariam o novo Estado a ser proclamado e todos os detalhes redundantes dessa postura básica.

Surpreendentemente, no último momento, Arafat recuou, rejeitou a proposta e deu início à intifada, que se alegou ser uma reação de revolta palestina ante uma visita "provocadora" de Ariel Sharon ao monte do Templo -- o local mais sagrado para o judaísmo, onde foi construído o Templo de Salomão (a imprensa brasileira se recusa a noticiar este fato, e se refere ao local simplesmente como "esplanada das mesquitas", repetindo a narrativa islamica e negando qualquer ligação dos judeus com o local). 

Quanto a acusação de que a visita de Sharon foi a responsável pela intifada... isso é algo que até os próprios árabes -- mas não a imprensa ocidental, claro! --  admitem ser uma mentira:


"Quem quer que pense que a intifada começou como resultado da desprezível visita de Sharon à mesquita de al-Aqsa está errado. Essa foi apenas a última gota que acabou com a paciência do povo palestino. 
A intifada já estava planejada desde o retorno do presidente Arafat de Camp David [nos EUA, onde se discutia a paz], onde o Arafat resistiu ao presidente Clinton e rejeitou os termos do acordo no coração da América."


Por que sua recusa? O que Arafat realmente queria? Como ele nunca declarou explicitamente o que quer (nas negociações, os palestinos se limitaram a fazer exigências e recusar propostas), resta especular sobre algumas possibilidades:


a) Arafat não conseguiu reunir coragem ou vontade para vencer as pressões dos grupos palestinos mais radicais, que recusam a paz e a convivência com Israel. Mesmo percebendo a oportunidade, não quis arriscar o que Barak arriscou: enfrentar sua própria gente e convencê-la de que só com concessões mútuas poder-se-ia construir uma solução que fosse o início de um processo de paz verdadeiro.



b) Arafat não quis aceitar uma solução a não ser em seus próprios termos e com a satisfação de 100% de suas exigências. Diante de uma proposta de conciliação irrecusável, as únicas alternativas são aceitá-la ou romper a negociação, exatamente para não ter de aceitá-la. A entrega de praticamente todos os territórios, a partilha de Jerusalém como capital, o estabelecimento de outro Estado palestino, a cooperação econômica, seriam o máximo de concessões exigíveis de Israel já no início do processo de convivência pacífica. 
O medo de um resultado negociado que exigiria compromissos dos palestinos pode ter sido o que levou Arafat a partir para o confronto, na tentativa de obter, sem se comprometer com nada, mais do que estava a seu alcance com uma simples assinatura. A exigência de última hora de Arafat, que ele sabia muito bem não poder jamais ser aceita por Israel, foi a "volta de 3 milhões de refugiados" palestinos, não ao futuro Estado palestino, mas para dentro do Estado de Israel, o que parece induzir a próxima alternativa.

c) Os palestinos nunca quiseram realmente uma paz definitiva com Israel e, na verdade, nunca teriam abandonado seu objetivo estratégico de acabar com Israel como Estado judeu. Para isso, como está definido na Carta Palestina, as negociações e o Estado palestino seriam apenas uma etapa. A possibilidade de um Estado palestino com compromissos de paz e reconhecimento de Israel seria uma ameaça a esse princípio. Fortes indícios dessa possibilidade transparecem da exigência de última hora em Camp David: cerca de 3 milhões de palestinos (supostamente, os descendentes dos 600.000 palestinos que saíram de suas casas e foram para o exílio durante a Guerra de Independência de Israel) deveriam "retornar", não ao Estado palestino, mas ao Estado de Israel. O objetivo, claramente, não era fortalecer o novo Estado a ser criado, mas debilitar o caráter judaico de Israel. Uma população de 4.200.000 palestinos, ante menos de 5 milhões de judeus, poderia levar, em pouco tempo, pela via demográfica, ao "fim do Estado sionista", como consta nos programas e nas estratégias palestinas.
Qualquer que tenha sido o motivo – ou os motivos – de Arafat, ele desencadeou a intifada e a violência quando tinha ao seu alcance a realização de praticamente todos os seus objetivos pelo caminho do acordo e da convivência.


...Quando dizemos que a solução deve ser baseada nessas fronteiras [de 1967], o presidente [Abbas] entende, nós entendemos e todos sabem que o "objetivo maior" não pode ser alcançado de uma vez só. Se Israel se retirar de Jerusalém, retirar 650.000 colonos e desmantelar o muro... o que será de Israel? O país acabará.

Quem está nervoso e irritado agora? Netanyahu, Lieberman, Obama... todos esses vermes.
... Nós deveríamos nos alegrar em ver Israel perturbado.
Se alguém disser que quer "varrer" Israel... é muito difícil. Não é [uma política] aceitável dizer isso. Não diga essas coisas ao mundo, guarde consigo. 
Eu quero as resoluções que todos concordam. Eu digo para o mundo, para o quarteto e para os EUA: vocês prometeram e se transformaram em mentirosos.