domingo, 29 de dezembro de 2013

Yasser Arafat, o "palestino" egipcio

Yasser Arafat



É irônico e muito revelador que o homem que personifica o movimento palestino não tenha nascido na Palestina e que nem se encaixe na definição de 'identidade palestina' de sua própria organização.

Yasser Arafat, cujo nome verdadeiro era Abdel-Rahman Abdel-Raouf Arafat al-Qudwa al-Husseini, nasceu em agosto de 1929, no Cairo, filho de um comerciante de tecidos egípcio. Ele foi enviado a Jerusalém quando criança, após a morte de sua mãe, e depois voltou para o Egito, onde cursou a faculdade e serviu o exército do país.

Ao longo de sua carreira, as origens egípcias de Arafat foram um impedimento político e fonte de constrangimento pessoal. Um biógrafo observa que no primeiro encontro com ele, em 1967, os "cisjordanianos não gostaram de seu sotaque e de seus modos egípcios e os consideravam estrangeiros", e que até o fim Arafat empregou um assessor que traduzia o seu dialeto egípcio para o usado nos territórios controlados pelos palestinos, para que pudesse se comunicar com os moradores da Cisjordânia e de Gaza.

Apesar de ser um egípcio e de não ter tido nenhuma participação na formação da até então inexistente identidade palestina, isso não impediu Arafat de reivindicar o status de refugiado ao longo de sua vida: "Eu sou um refugiado", afirmou em uma entrevista em 1969: "você sabe o que significa ser um refugiado? Eu sou um homem pobre e desamparado. Eu não tenho nada, porque eu fui expulso e despossuído de minha terra natal".

Em meados da década de 1950, Arafat se juntou a Irmandade Muçulmana no Egito e, em seguida, chegou ao topo da hierarquia da Palestine Students Union na Universidade do Cairo. No final dos anos 1950 Arafat mudou-se para o Kuwait, onde ele co-fundou o Fatah ["Movimento de Libertação Nacional Palestino"], a facção que mais tarde iria conquistar o controle sobre todo o movimento palestino. As heterogêneas bases do Fatah, que uniam islâmicos, comunistas e pan-arabistas se expandiu através de violência brutal. "As pessoas não são atraídas por discursos, e sim por balas ", dizia ele.

Em seu currículo de "estadista" internacional, merecedor inclusive do Nobel da Paz, estão, entre outras tantas realizações:
-- a participaçao no massacre de atletas judeus na Olimpíada de Munique (O ataque do Setembro Negro), no ano de 1972;
-- o massacre na escola de Ma'alot, em 1974, onde morreram 28 pessoas -- quase todas crianças;
-- o atentado terrorista a um ônibus na rodovia Haifa-Tel Aviv, realizado em março de 1978, que deixou 35 mortos e 80 feridos.

Isso sem mencionar um dos atos mais heróicos da OLP sob seu comando: o assassinato do judeu americano Leon Klinghoffer durante o seqüestro do navio italiano Achille Lauro. A vítima foi jogada no mar em sua cadeira de rodas...



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