Os curdos são a maior nação sem pátria no mundo, com uma população de aprox. 20 milhões de pessoas que hoje vivem divididos no que eles próprios consideram o Curdistão – área que engloba partes da Turquia, Síria, Iraque e Irã. São na maioria muçulmanos, mas etnicamente diferentes dos árabes e com língua e cultura próprias.
Determinar seu número exato é impossível. Os governos de seus respectivos países tendem a subestimar seu número, enquanto que seus movimentos nacionalistas o exageram. Exagerado também – e verdadeiro! – é o número de massacres e genocídios de que foram vítimas – a grande maioria pelas mãos de outros muçulmanos. Entre seus maiores algozes estão os árabes, persas e turcos.
No Curdistão-Iraque da foto acima, a campanha de “arabização” empreendida por Saddam Hussein e seu primo Ali Hassan al-Majid, mais conhecido como “Ali, o químico” (por causa do uso de armas biológicas) causou a morte de mais de 180.000 curdos e a deportação de mais de 1.5 milhão.
Os curdos também são conhecidos por uma maior tolerância para com os adeptos de outras religiões. Minorias formadas por judeus, cristãos e zoroastras historicamente tiveram mais liberdade e até proteção entre os curdos.
A sua relação com os judeus precede em séculos a criação do islamismo e a conversão da maioria da população curda. O Talmude da Babilônia relata que expatriados de Judá receberam permissão para disseminar o judaísmo entre a população local. Já no século 1 d.c., quando os judeus combateram a ocupação romana, a rainha curda enviou tropas para ajudá-los na batalha.
Mais de um milênio depois, as relações entre os curdos – já muçulmanos – e os judeus continuaram amigáveis.
No século XII, Salah-al-Din Yusuf ibn Ayyub – mais conhecido no Ocidente como Saladino – foi o responsável pela derrota do rei Ricardo Coração de Leão e pela expulsão dos cruzados de Jerusalém. Apesar disso ele contava com a desconfiança de muitos árabes-muçulmanos por ser curdo e pelo tratamento humano que dispensava as minorias sob seu controle – em contraste com os métodos utilizados pelos árabes. Foi após um pedido de Maimônides, famoso rabino medieval – e médico de sua corte – que Saladino intercedeu em favor dos judeus que eram perseguidos na região. Também é creditada a Saladino a descoberta do Muro das Lamentações, que tinha sido enterrado sob toneladas de lixo durante o domínio cristão bizantino.
Ainda hoje partidos nacionalistas curdos mantêm contatos com o Estado de Israel e colaboram com seu serviço secreto, o Mossad, no Irã, na Turquia e na Síria.
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