terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Refugiados árabes da Palestina... de quem é a culpa?

Ismail Haniyeh, líder do Hamas, mostra um mapa onde Israel é substituído por um fictício estado árabe "palestino"


A guerra de independência de Israel se divide em duas partes: violentos combates começaram horas após a votação nas Nações Unidas aprovando a partilha da Palestina em 29 de novembro de 1947 e duraram até a véspera da evacuação britânica em 14 de maio de 1948. Já o conflito internacional começou no dia 15 de maio (um dia após a criação de Israel), quando cinco exércitos árabes invadiram o estado judeu. As hostilidades continuaram até janeiro de 1949. 

A primeira fase do conflito consistiu, principalmente, em uma guerra de guerrilha. A segunda, em uma guerra convencional. Mais da metade (entre 300.000 e 340.000) dos 600.000 refugiados árabes fugiram antes da evacuação britânica, a maioria no último mês.
Os palestinos fugiram devido a uma grande variedade de circunstâncias e por diversas razões. Os comandantes árabes ordenaram aos não combatentes que saíssem do caminho das manobras militares e ameaçavam retardatários com tratamento dispensado a traidores caso ficassem. Eles ainda exigiam que as aldeias fossem evacuadas a fim de melhorarem seu posicionamento no campo de batalha e prometiam aos residentes que eles voltariam sãos e salvos em questão de dias. 


Em um programa onde conversa com ouvintes, Ibrahim Sarsur, o líder do movimento islâmico, falou sobre os refugiados árabes e, junto com o ouvinte que liga de Gaza, culpa os líderes árabes pelo problema. 
Programa de TV exibido em 30 de abril de 1999, no canal do Fatah, da Autoridade Palestina:




Ouvinte de Gaza: Sr. Ibrahim, dirijo-me a você como um muçulmano. Meu pai e meu avô me disseram que durante a "catástrofe" (o estabelecimento de Israel), o oficial de nosso distrito emitiu uma ordem dizendo que quem ficasse na Palestina e em Majdel (no sul de Israel, perto de Ashkelon) é um traidor, ele é um traidor...


Ibrahim Sarsur: Eu não quero culpar aquele que causou essa situação, mas somos forçados a lidar com essa situação.
Quem deu a ordem os proibindo de ficar lá carrega a culpa por isso nesta vida e na próxima.


Algumas comunidades preferiam fugir a assinar um armistício com os sionistas; nas palavras do prefeito de Jaffa, "eu não me importo com a destruição de Jaffa desde que consigamos a destruição de Tel-Aviv".

-- Agentes do mufti atacaram os judeus com o propósito de provocar hostilidades 
-- Famílias com recursos fugiram do perigo. Quando os inquilinos agrícolas ouviram que os proprietários seriam punidos, ficaram com medo de serem expulsos e se anteciparam abandonando as terras. 
-- Hostilidades mortíferas impediram qualquer planejamento:  a escassez de alimentos e de outros bens de primeira necessidade se espalhou. Serviços como estações de bombeamento de água foram abandonados. --- O medo de pistoleiros árabes se alastrou, assim como rumores de atrocidades dos sionistas.
Em apenas um caso (Lydda), os árabes foram forçados a sair pelas tropas israelenses. A singularidade desse evento merece ênfase. O historiador Efraim Karsh explica acerca de toda a primeira fase da batalha: "Nenhum dos 170.000–180.000 árabes que fugiram dos centros urbanos e somente um punhado dos 130.000–160.000 aldeões que deixaram seus lares, foram forçados a sair pelos judeus".
A liderança palestina desaprovava o retorno da população, vendo nisso o reconhecimento implícito do nascimento do Estado de Israel. A princípio os israelenses estavam dispostos a aceitar o retorno dos deslocados de guerra, mas depois endureceram sua posição a medida que a guerra progredia. O Primeiro Ministro Ben-Gurion explicava seu modo de pensar em 16 de junho de 1948: "Esta será uma guerra de vida ou morte e [os deslocados de guerra] não devem retornar aos lugares abandonados. . .  Nós não começamos a guerra. Eles começaram a guerra. Jaffa começou a guerra contra nós, Haifa começou a guerra contra nós, Beisan começou a guerra contra nós. E eu não quero que eles comecem uma guerra novamente".
Resumindo, explica Karsh, "foram as ações dos líderes árabes que condenaram centenas de milhares de palestinos ao exílio".



Palestine Betrayed (Palestina traida), Efraim Karsh

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